Pastelaria de Parada de Lucas no Rio de Janeiro vendia pastel de carne de cachorro. Os animais eram recolhidos nas ruas da Zona Norte da cidade e abatidos e transformados em carnes usadas em pasteis e outros salgados. A fonte é o Jornal o Globo em reportagem de Alessandro Lo-Bianco.
Ao apurar a denuncia de trabalho escravo de imigrantes chineses em pastelarias, fiscais do Ministério Público do Trabalho, cachorros que haviam sido mortos a pauladas estavam congelados dentro de caixas de isopor, nos fundos do estabelecimento. Segundo participantes da operação, a carne dos animais, que eram guardados na lanchonete de Parada de Lucas, seria utilizada na produção de pastéis e outros salgados.
De acordo com o depoimento do dono do estabelecimento, que cumpre pena no Complexo do Gericinó, o uso de carne de cães na produção de pastéis é uma prática comum nas lanchonetes chinesas espalhadas pela cidade. Num primeiro momento, ele disse à polícia que não tinha conhecimento de que era proibido o abate desses animais no Brasil. Depois, admitiu que sabia se tratar de prática ilegal, tanto que recolhia os cachorros nas ruas da Zona Norte.
Segundo a procuradora Guadalupe Louro Couto, a descoberta da venda de pasteis de carne de cachorro em lanchonetes, causou angústia em toda equipe de fiscalização.
“Já vi muita coisa ruim, principalmente em trabalhos que realizei em fazendas do Mato Grosso. Mas o que encontrei naquela pastelaria foi o pior de tudo. Para começar, havia uma cela, como se fosse uma cadeia, com grades e cadeado, montada dentro da lanchonete, onde o trabalhador ficava encarcerado. Além disso, ele convivia com o cheiro dos cachorros mortos, que ficavam ao lado dele. Eu não aguentei. Quando senti o cheiro, comecei a passar mal e pedi para sair do estabelecimento. Ao abrimos as caixas de isopor, vimos os cachorros congelados. Ficamos perplexos. Foram vários os crimes cometidos ali” afirmou a procuradora.
Desde 2013 um grupo de comerciantes chineses está na mira de procuradores do Ministério Público do Trabalho, no Rio. Eles são acusados de aliciar pessoas na cidade de Guangzhou, na província de Guagdong na China, e trazê-las para o Brasil, onde eram exploradas em regime de trabalho escravo. Três inquéritos que investigam a prática foram abertos desde 2013 e encaminhados à Justiça Federal — um está concluído e dois se encontram em andamento. Peças processuais obtidas com exclusividade pelo GLOBO mostram que chineses são convencidos a vir com propostas de salário de R$ 2 mil, moradia e alimentação de graça. Mas, ao chegar, recebem a notícia de que terão de trabalhar por pelo menos três anos sem receber pagamento em pastelarias da cidade para cobrir as despesas das passagens aéreas.
Por mais que essa notícia nos deixe horrorizados, é sempre bom lembrar que apesar do dono do estabelecimento que vendia pastel de carne de cachorro tenha dito que se tratava de prática comum nas lanchonetes, não podemos sair por aí achando que todas as lanchonetes fazem isso ou até mesmo se a denuncia do vagabundo é real. Pode ser uma forma dele , já preso, sacanear os trabalhadores honestos.